"É que quando eu cheguei por aqui, eu nada entendi..."

A primeira vez que estive em São Paulo foi no ano passado. Posso dizer que me senti uma caipira mesmo, sempre olhando para cima: "Bah, qtos prédios altosss!!". Enfim, tudo novidade, mil maravilhas, restaurantes legais, paisagens diferentes... ô, blz!

Eis que retorno neste ano, desta vez para morar. Vou à capital duas vezes por semana, no mínimo. E a historinha agora segue contando como foi o meu batismo oficial em Sampa!

Eu sabia que tinha um tal de fretado (ônibus que pegam as pessoas perto de casa e deixam perto do trabalho). Como eu não sabia as ruas de São José, nem de São Paulo, foi um pouco difícil combinar com o motora do bus, mas vencido o primeiro obstáculo, acordo às 5h da manhã (isso aí!) e vou bem bela pegar o fretado...

Devido a minha ansiedade, não preguei o olho na viagem que dura em média 2h30min até o meu serviço. Desço do ônibus e pergunto:
- E aí Givaldo, te encontro aqui na volta?
- Não, a volta pode ser na Pequitita.
- Chiquititas??
- Não, Pequitita. Mas pode ser na Funchal.
-Ah, meu trabalho é perto da Via Funchal (aprendi que uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa! Funchal é a rua, Via Funchal é a casa de shows!)
- Ok. Entre a Funchal e a Pequitita.

16h - Começa a desabar o mundo em Sampa. Chuva tão forte que não se enxergava o prédio da frente. Seis pontos de alagamento. Notícias ao vivo na internet de mais de não sei qtos km de engarrafamento, colegas de trabalho fazendo terrorismo... Blz, nada demais, eu tenho meu fretado garantido...

17h- Saio do serviço ainda batendo água, tomei um ótimo banho de chuva. Vou até a Pequitita e fico embaixo de uma marquise. Tava boa a chuva, mas nem tanto, né? O Givaldo disse que passava às 17h15.
17h20 - "Será que estou no lugar certo?"
17h35 - "Hmm, vou ver onde é a Funchal..."
17h38 - Descubro que a Pequitita é continuação da Funchal...volto à marquise...
18h - Pergunto a umas pessoas se por ali passam fretados. "Sim, para Santos. Podemos te deixar no metrô". Terror bateu.
18h15 - "Putz, tô sem celular. Sem o número de telefone de ninguém daqui. O Anderson tá no Sul. Sem um real no bolso. Será que estou no lugar certo? Atchim!!! Acho que vou me gripar..."
18h30 - "Quero minha mãe. Não posso chorar, não posso chorar..."
19h - "Pai nosso que estais no céu, santificado seja Vosso nome..."
19h15 - "São Bito, São Bito, São Bito, se o Givaldo chegar eu te dou 3 gritos!"

19h40 - Givalllllllldooo!!! (quase chorando)
- Oi Fernanda. Desculpa a demora, mas tá tudo alagado, blá blá, blá..
- Não precisa pedir desculpas! Pelo menos estás aqui!

E me vou bem feliz para minha poltroninha...Ah, claro, e dou meus gritinhos para São Bito! Nesse dia, cheguei em casa, sã e salva, às 23h.

Moral da história:
* Sempre que possível, nunca fique sem um real no bolso.
*Agendas de telefone em papel ainda são importantes.
*Mesmo com chuva e engarrafamento, Sampa é show!!!
*Como é bom saber que TU CONSEGUES ENFRENTAR TUDO e que, sim, o cordão umbilical foi cortado!